sábado, 11 de novembro de 2017

O protesto das palavras

A bagunça generalizada havia começado. Duvido, caro(a) leitor(a), que você já viu algo parecido neste mundão, mas acredite: as manifestantes eram palavras. Isso mesmo! Revoltadas, se acotovelavam na multidão, com seus cartazes e faixas. Saíam dos livros empoeirados, pulando das altas estantes da Biblioteca Mário de Andrade, no centro de São Paulo. Eram verbos, substantivos, pronomes, artigos, adjetivos, palavras cruzadas... O destino final da passeata seria o Museu da Língua Portuguesa. Queriam maior visibilidade nas mídias, por isso iriam tentar bloquear as avenidas principais do trajeto.

Quem começou a organizar o zum zum zum foi o Partido das Palavras em Desuso na Língua Portuguesa, o PPD. O presidente, Senhor Supimpa, disse que todas não aguentavam mais tanta rejeição e descaso. Se juntavam a ele muitas outras palavras e expressões esquecidas no vocabulário atual: chumbrega, donzela, candeia, bolinar, batuta, quiproquó, safanão, lero-lero, balaco-baco, patavinas, datilógrafo, alpendre, decalque, vitupério, à beça, bulhufas, chocante, patota, botica e outros. Reivindicavam o fim das novas gírias e neologismos, alegando que eram a causa de serem deixadas para trás. Sirigaita e lambisgoia seguravam um cartaz onde estava escrito: “Não iremos para o cemitério!” Também reclamavam da invasão de todo um palavreado que veio com a era digital e com as redes sociais como: Tablet, notebook, print, bugado, trolar, youtuber, gamer, crush, selfie, blog, vlog, tuitar, mouse, scanear, aplicativo, viralizou, meme, e-mail, vídeo conferência. Mais à frente da multidão, riso, risada e gargalhada erguiam uma faixa escrita “Abaixo ao kkkk, rsrsrs e ao hahahaha!”. Não aceitavam virar uma mera repetição de letras. Exigiam a presença dos Direitos humanos. Quer dizer, das palavras.

Reivindicavam a volta das palavras esquecidas pelos mal-educados: obrigado, por favor e com licença. Outras três palavras poderosas (talvez, as mais importantes de todas), também começavam a ficar de escanteio pelos humanos de corações frios: o eu, o te e o amo.
Também exigiam explicações para a enxurrada de palavras em inglês que invadiram nosso país. Pediam que regularizassem essa situação e banissem do vocabulário palavras como: hot dog, milk-shake, food truck, brunch, banner, outdoor, folder, pet shop, make up, fashion, sale shopping, cowboy, cartoon, top model, pop star, diet, light, stress, drink, jet lag, show room e outras. A palavra xampu, com uma bandeira do Brasil sobre os ombros, reclamava que poucos a usavam. Em sua camiseta, uma frase dizia:" Chega de estrangeirismo"!

Perto dali, o PPT- Partido dos Pronomes de Tratamento reclamavam da morte prematura do Vossa Senhoria, palavras tão respeitosas. “Você” reivindicava alguma explicação para tanta transformação. Do vossa mercê passou para o vós mecê, que passou para você que foi para ou vc. Se sentia pequeno demais e tinha medo de desaparecer. Beleza, estava deprimida num canto, por ter virado blz. Se sentia feia sem suas vogais companheiras. Perdoo não perdoava a retirada do seu chapéu. Voo e enjoo também não gostaram. Se sentiam calvos. Algumas palavras francesas se exaltaram contra o aportuguesamento de suas palavras originais. Abat-jour não queria ser o abajur. Soutien não aceitava ser sutiã. E coullant não se conformava em ser colã. “Quem autorizou esse registro no dicionário?” -  diziam.

Muitos também se queixavam das novas regras de ortografia. Plateia, ideia e jiboia diziam que não foram consultadas antes da mudança e não se acostumaram sem o acento. Propunham um referendo. A palavra aguentar, por exemplo, não estava aguentando a retirada do trema em cima do u. Isolado da multidão, a palavra antissocial exigia a volta do hífen que separava o anti do social.

Como bloquearam várias avenidas por onde passavam, gerou revolta nos motoristas. O trânsito se tornou mais caótico do que já é de costume. Logo, a polícia foi acionada. O batalhão de choque disparava tiros de borracha e bombas de efeito moral. Começou o maior caça palavras de todos os tempos. As palavras se espalharam, como em briga de baile. Houve tumulto e correria. Algumas se machucaram e precisaram ser socorridas, principalmente as onomatopeias soc, tum e pof,  que sofreram ferimentos leves. Algumas palavras, indignadas, falavam palavrões para a polícia. Vitupério, do PPD, era quem mais xingava.

O protesto terminou. Voltaram para os livros, sob os olhos arregalados da bibliotecária, que nunca tinha visto aquilo nos dez anos que trabalhava na biblioteca. No outro dia estavam estampadas na primeira página do jornal. A Academia Brasileira de Letras se pronunciou, prometendo ter mais critério na retirada de palavras antigas e registro de palavras novas. Dariam palestras em escolas e faculdades, incentivando os brasileiros a valorizar mais as palavras em português ao invés das estrangeiras. Xampu ficou realizado. Mas as palavras não se contentaram somente com isto. Prometiam procurar esse tal de Aurélio. E o Michaelis também. Quem eram? Onde moravam? Seria possível uma aproximação para discutirem alguns assuntos?

 O próximo protesto já estava marcado. Seria contra o baixo índice de leitores nas bibliotecas, que, a cada dia, ficavam mais vazias e empoeiradas. Mas mal sabiam as palavras que a maior mudança estava por vir: a incrível invenção do livro digital. O burburinho tinha começado há um bom tempo. Ouviram dizer que, talvez, os livros impressos seriam extintos, com o passar dos anos. Precisariam se modernizar, se quisessem a sobrevivência da espécie. A tarefa, sabiam, seria árdua. Ficariam, talvez, sem palavras frente a maior revolução de suas vidas.




domingo, 22 de outubro de 2017

Quando meu marido matou meu vizinho




Morávamos num apartamento. Sétimo andar. Não tínhamos filhos. O relacionamento que tínhamos com os vizinhos era aquela coisa de oi/tudo bem/tchau/ está quente hoje né, típico papinho chato de elevador, sabe? Ficamos sabendo que o marido da vizinha estava com um câncer terrível. Não tinha mais o que fazer. Ela, um certo dia, disse que o médico deu três meses de vida para ele. Disse, também, que sua filha, de uns dez anos na época, muito apegada ao pai, estava fazendo terapia numa psicóloga para entender a morte e aprender a lidar com isso.

Fiquei com aqueles três meses na cabeça e avisei meu marido da gravidade da situação. O vizinho, cada vez mais, emagrecia e estava, visivelmente, enfraquecido. Não queria ser aquela vizinha fria e insensível, que nem se deu conta que o vizinho bateu as botas. Então, depois de algumas semanas, comecei a reparar a movimentação na vizinha, se chegavam parentes ou se ouvíamos algum som de choro.

Certo dia, exatamente três meses depois, estava pronta para dormir, mas não conseguia pois estava com uma dor de cabeça terrível. Era, mais ou menos, 23:30 da noite. De repente, começo a ouvir berros muito altos e histéricos da filha do vizinho. Não precisava nem encostar a cabeça na parede para ouvir melhor. Eram gritos tão altos que ecoavam pelo prédio inteiro. Ela dizia, repetidas vezes: “Nãããããããããããão! Você não morreu! Acorda! Você só está dormindo! Nããão! Respira! - totalmente desesperada. Era de cortar o coração

Eu e meu marido já nos entreolhamos, de olhos arregalados. Ela continuava urrando, parecia que estava dentro da nossa casa. Então eu disse: “Putz, droga, ele morreu! ” Ficamos cogitando o que devíamos fazer. Afinal, isso era algo novo para gente. Nenhum vizinho nosso tinha morrido até então. Foi aí que falei: “Vai lá, por favor?! Estou com uma baita dor de cabeça. Precisamos fazer alguma coisa. Não vamos falar nada? Ofereça ajuda, ou para ficar com a filha enquanto ela resolve as coisas, para levar o corpo até o térreo ou para telefonar para os parentes avisando ”. Ele ficou me olhando pensativo, e perguntou: “ Você acha que ele morreu mesmo? ”. “Mas é obvio! Olha as coisas que ela está falando”! - eu disse.

Ele, bem constrangido, foi. Cinco passos e leves batidinhas na porta, que após alguns instantes se abriu somente pouco. A viúva pôs somente a cabeça para fora (devia estar de pijamas), e perguntou: “Oi”? Quando ele ia abrir a boca para falar, aparece, por cima da cabeça da vizinha, o suposto morto, vivíssimo, e disse a mesma coisa: “Oi? Pois não”? Aí meu marido travou! O que dizer? “Ah, você não morreu? Desculpa aí! Boa noite”. Ele ficou olhando para aquelas duas cabeças olhando para ele por uns dez segundos, os mais constrangedores de sua vida. Não saía nada! O tempo parecia que tinha parado, o coração também. Ninguém piscava. Ele cogitou no que poderia dizer e pensou em algumas possibilidades mais simpáticas como: 1) fingir que estava chegando em casa bêbado e só errou de porta. 2) dizer que eu estava fazendo um bolo às 23:30 h e queria uma xícara de açúcar emprestada. Desistiu. Começou a gaguejar e balbuciar palavras: “Éhh...(dez segundos de silêncio), então...(mais cinco segundos), tá acontecendo alguma coisa que eu possa ajudar? ”  Eis que a vizinha diz, apontando para o marido: “Não foi ele que morreu não! Foi o hãmster da minha filha. Desculpe o escândalo. Acho que ela está parando de chorar ”. Meu marido, já roxo: “Ah tá. Ok, desculpa ter incomodado. Qualquer coisa estamos aí. Boa noite ”.

Meu marido, que nunca encontrava o vizinho antes desse episódio, passou a encontra-lo repetidas vezes. Muitas delas no elevador, que parecia não chegar nunca ao térreo. Lei de Murphy?   Um dia, o morto vivo chegou até a falar pro porteiro, enquanto meu marido fechava o portão: “Ele achou que eu tinha morrido. ”- dando uma risadinha irônica.

Depois de uns seis meses ele, de fato, morreu. Ficamos sabendo pelo porteiro. Acho que estava internado. Não ouvimos nem um pio no apartamento vizinho. Fomos ao velório e a viúva nos olhou com aquela cara de “agora sim ”! Finalmente demos os pêsames adequadamente.

Fiquei pensando se a psicóloga não mandou a vizinha matar o hãmster de propósito. Didaticamente, com o nobre propósito de explicar para menina um pouco mais sobre a morte.


Pobre hãmster inocente! Pobre viúva... pobre filha... pobre vizinho solícito e precipitado. Mais a vida se encarrega em encaixar humor até nas piores situações. Pelo menos, no final das contas, ficamos com uma ótima história pra contar. Todos amam. E uma excelente gafe ( se não a melhor) para o nosso curriculum

domingo, 17 de setembro de 2017

Sobrinha, fazendas & perereca


Flora, minha sobrinha, nasceu em São Paulo capital, entre prédios, avenidas e congestionamentos. Uma lindeza de menina. Olhos azuis e cabelos castanho claro.  Com cerca de três aninhos foi passar uns dias numa fazenda, dessas no meio do mato, sem Wi-Fi. Eu também estava lá. Mas, logo nas primeiras horas que estava apreciando a natureza, ela resolveu pegar um bichinho na mão. Era um marimbondo que quis se defender do ataque. Resultado: daquele momento em diante, Florinha ficou horrorizada e traumatizada com esses cruéis insetos voadores. Todos eles. Qualquer bichinho de luz que aparecia voando num raio de 10 metros fazia ela gritar. Não foi nada fácil para minha irmã. E também não adiantou as 100 vezes que explicamos que aqueles bichinhos não picavam, eram lindos e bonzinhos etc.


Depois de um bom tempo, minha irmã foi em outra fazenda. Mas, caro leitor, minha sobrinha não tinha esquecido o episódio do marimbondo e resolveu, novamente gritar para todos os 1.922 bichinhos que apareceram perto dela. Quando foram usar o banheiro da suíte na qual ficaram hospedados, constataram a presença de uma mini perereca dentro da privada. Como ninguém se habilitou para tirar o pequeno anfíbio de lá, minha irmã, então, resolveu dar descarga. Pronto, assunto resolvido. Florinha, pode fazer xixi tranquila. Mas descobriram que a perereca era da espécie Michael Phelps e voltava nadando, toda felizinha. Os xixis nem a incomodavam mais. Mal sabia a perereca que Florinha estava com virose. De madrugada, minha sobrinha passou quase uma hora no trono com diarreia. Minha irmã não via mais a perereca e ficou por ali, dando um apoio moral pra filha. Ficou pensando, preocupada, se a perereca pularia na perereca da Florinha e o susto que ela levaria. Pensou também se a perereca sobreviveria a essa chuva de diarreia. Florinha terminou e levantou da privada. Mas sentiu um enjoo repentino e começou a vomitar bastante no chão do banheiro. Eis que surge algo pulando no chão, toda vomitada. Judiação da perereca. Que vida!! Judiação da Florinha também. Não tem sorte em fazendas. Mas já está ótima e saudável. Talvez, daqui a um tempo, ela esqueça do episódio do marimbondo e perca esse trauma. Já não posso dizer o mesmo da perereca, que nunca esquecerá daqueles dias. Seu estado psicológico foi estraçalhado pela visita da menina da cidade grande. Ora os humanos ficam traumatizados pelos bichos, ora os bichos ficam traumatizados pelos humanos. Oremos pela perereca.

segunda-feira, 28 de agosto de 2017

Psicologia e mamães de primeira viagem

 

Anúncio de psicólogo realista e esperto, aproveitando a alta demanda de mães inexperientes (e paranoicas, de vez em quando)


“Atenção mamães de primeira viagem:

Pacotes promocionais com 10 sessões. Imperdível! Você só paga 8 sessões!

Existem situações que as mães não estão preparadas para enfrentar, causando prejuízos e traumas psicológicos. Veja se você se encaixa num desses exemplos:

Seu marido demorou ficou te enrolando para fazer o ensaio fotográfico de grávida, quando sua barriga estava no auge da lindeza e seu bebê acabou nascendo de surpresa, prematuro. Sem fotos.

Você sonhava enlouquecidamente em ter um menino e descobriu que é menina.

Você é mãe de menina mas odeia brincar de chazinho, panelinha, boneca. Também não sabe prender o cabelinho com fivelas e nem fazer uma mísera trança. O cabelo da sua filha também não ajuda em nada para parecer ajeitado. Tipo o do David Luiz.

Você queria muito ter um filho, mas, quando conseguiu, descobriu que é uma péssima mãe e não tem a mínima paciência com crianças

Você achava que amamentação era a coisa mais linda, mas com você foi um pesadelo.

Seu filho nasceu com a cara do pai, e absolutamente nenhuma das suas características está presente no layout? Dando a sensação que você não teve participação nenhuma nessa empreitada?

Seu filho nasceu com o nariz idêntico do Luciano Huck. Ou com a cara do seu cunhado que você não se dá muito bem, ou com a cara do vizinho.

Você ficou horrorizada quando cortou, sem querer, 1/3 da falangeta do dedo do seu filho ao tentar cortar aquela micro unha pela primeira vez.

De manhã, você descobriu que deixou um lazarento de um pernilongo sanguinário preso dentro do mosquiteiro do berço, que acabou fazendo a festa no seu bebê durante a noite toda.

Você teve que voltar a trabalhar e deixou aquele seu pacotinho lindo nas mãos de uma babá desconhecida. Ou teve que deixar na escolinha, onde todos não tratarão seu filho do mesmo jeito que você.

Seu filho (a) começou a ir na escolinha, mas chora todo santo dia quando chega lá, há sete meses.

Seu filho morde três pessoas por manhã, na escola. Já até te indicaram comprar uma focinheira.

 O leite do peito que não seca nunca quando você quer parar de amamentar.

Você conseguiu parar de amamentar mas não se conformou com o que seus peitos se transformaram. Como aquela bexiguinha de final de festa, caída no chão, bem murchinha.

O primeiro desfralde. A primeira diarreia após o desfralde. Em público.

Você conseguiu fazer coisas incríveis. Mestrado, doutorado, triplicou o faturamento da sua empresa. Mas não consegue de jeito nenhum tirar, de vez, as chupetas do seu filho. E os dentes estão começando a entortar.

O primeiro ataque de birra em público.

Você participa de grupos de mães da escola, no WhatsApp. Cuidado, pode ser extremamente prejudicial para sua sanidade mental.

Você acha que não está dando conta de ensinar os limites para seu pequenino e vê que, se continuar assim, ele tem tudo para ser um bandido/psicopata.

Você teve a difícil missão de levar seu lindo e fofo bebê para fazer exame de sangue? Ou teve que dar quatro vacinas num dia só?

Sua filha levantou sua saia na frente de toda a igreja, no dia do batizado.

Sua filha ficou o tempo todo tirando catota do nariz na apresentação de dia das mães, enquanto todas riam e os fotógrafos registravam tudo. Inclusive os momentos que ela limpava o dedo no vestido branco de tule da coleguinha ao lado.

Você descobriu que seu filho estava com conjuntivite (ou piolho, ou catapora) duas horas antes da festinha de 1 aninho dele. Com vinte criancinhas convidadas chegando.

Seu filho está um pouco gordinho e estão chamando-o de rolha de poço na escola.

Você não quer deixar seu filho ir para escola de van escolar por temer que o tiozinho que dirige pode ser um pedófilo disfarçado, procurado pela Interpol.

A família inteira é corintiana roxa e seu filho só fala do Palmeiras e canta o hino decor.

Seu filho começou a cantar “Hoje eu estou querendo te pegar”, da Ludmila no dia que convidou a família do pastor para jantar na sua casa.

Seu cãozinho morreu e seu filho descobriu que um dia todos irão morrer.

Seu filho tentou secar o gatinho no micro-ondas.

Se você acha que não tem maturidade (ou mãeturidade) suficiente para lidar com essas situações, marque uma consulta.

Também fazemos pacotes promocionais para mães solteiras, mães solteiras que trabalham e mães separadas. Sessões extras para dar suporte emocional à mãe que, ocasionalmente, ouviu o filho dizer que amou conhecer a nova namorada do papai e que ela é linda igual uma princesa. Também te ajudamos a ser educada e não explodir com as pessoas que te ensinam como você deve educar seu filho. Também te ensinamos a não enlouquecer mesmo tendo noites e mais noites em claro. Não perca essa oportunidade.

Esperamos sua visita”.

O ministério da saúde adverte: Calma! Se você quer ter um filho e ficou apavorada com tudo o que leu aqui, saiba que todas as mães passam por muitos perrengues, mas no fim, dá tudo certo. Se você já chorou escondida , saiba que quase todas também choraram. Estudos comprovaram que ser mãe é um vichi atrás do outro. Mas, ao mesmo tempo, extremamente gratificante e maravilhoso. Estudos também comprovaram que as coisas acontecem completamente diferentes do jeito que as mães planejaram para seus filhos. E que, mesmo que uma pessoa não queira ter filhos, ela não estará livre dos vichis dessa vida.







quinta-feira, 27 de julho de 2017

Impostos que nos são impostos goela abaixo





O presidente Michel Temer afirmou recentemente que a população brasileira irá compreender o aumento dos impostos sobre os combustíveis.
Alguém tem o Whatsapp dele? Se tiver, avise-o que o Brasil é o país dos impostos? Será que ele tá sabendo? E diga, também, que no nosso país, quatro milhões de reais são arrecadados por minuto? Ao terminar de ler esse texto, doze milhões serão acrescentados aos cofres públicos.

Se você, caro leitor(a), toma uma cervejinha de vez em quando, só pra te informar, 56% do valor da latinha é imposto. Tem algum perfume importado? Setenta e sete por cento desse perfume foi de imposto. Dá pra acreditar?

 Casei-me com um advogado que se especializou em consultoria tributária. Ele é apaixonado pelo que faz e se deu muito bem na profissão já que ninguém entende perfeitamente este manicômio tributário em que vivemos.

 Sempre ouço alguém dizendo: “Só tem duas coisas que podemos ter certeza nessa vida: a morte e os impostos.” Ou mesmo:“Impostos de mais, retorno de menos”.

Então, já que nos é imposto esse monte de impostos e vários deles não servem pra nada, ou não conseguimos enxergar nenhum benefício, quero sugerir mais alguns, que podem ser realmente benéficos para nós, cidadãos brasileiros. Lá vai:

- Imposto sobre peidos soltados no elevador. Sempre tem um cidadão que judia nessas horas e não temos como fugir.
-Imposto sobre telefonemas indesejáveis de telemarketing;
-Imposto sobre casamentos, pra esse pessoal que brinca de casar e separar e casar de novo. Só o Fábio Júnior já garantiria uma boa arrecadação para o governo.
-Imposto sobre número de filhos. Começando pelo Mr. Catra. Imagina só?
-Imposto sobre propaganda enganosa. O governo arrecadaria horrores, começando pelas propagandas de shampoo, que garantem transformações milagrosas no seu cabelo, na primeira lavagem. Ou das escolas de inglês que prometem que o cidadão falará fluentemente depois de 3 meses de curso intensivo. Uma ova!
-Imposto sobre vizinho mala e sem noção (Quem não tem um levante a mão);
-Imposto sobre periguetes que querem chamar atenção a qualquer custo;
-Imposto pra aqueles cabeleireiros sacanas que cortam dez dedos do seu cabelo sendo que você pediu pra tirar só as pontas. Como confiar numa pessoa dessa?
-Imposto pra quem não usa desodorante;
-Imposto para aqueles que desconhecem as palavras com licença, por favor e obrigado. Vai ser o recorde de arrecadação já visto nesse país;
-Imposto sobre arroz de casamento ou de ceia de fim de ano com uva passas. Onde já se viu? Se quiser servir, tudo bem. Mas sirva também a opção de arroz branco, por favor. E maçã na maionese de legumes? Pra quê?;
-Imposto pra quem leva Bavaria no seu churrasco, mas acaba tomando a sua Stella Artois;
-Imposto sobre aquelas lojas que querem te empurrar goela abaixo todo tipo de artigo natalino como papais-noéis, guirlandas e luzinhas pisca-pisca em pleno mês de setembro. Mas já?
-Imposto sobre aquelas pessoas que comem o dia inteiro e não engordam. E pra piorar tem barriga tanquinho. Ninguém merece uma coisa dessas.
-Imposto sobre amigos, namorados ou cônjuges que, em vez de conversar com você no restaurante, ficam o tempo inteiro no celular, no WhatsApp ou Facebook;
-Imposto que incide sobre maridos que monopolizam o controle remoto da TV;
-Imposto sobre balanças malvadas, que, na maior cara de pau, te mostram que você engordou dois quilos em 1 semana que passou comendo alface;
-Imposto sobre aqueles simpáticos carros que passam berrando no autofalante as sete da manhã: “Pamonhas de Piracicaba!!!!!!!”
-Imposto sobre pessoas dramáticas e pessimistas que só abrem a boca pra contar todas as tragédias do mundo. Aquelas que sugam a sua energia, sabe? Nunca pergunte “Tudo bem?” pra elas.
-Imposto sobre velhinhos ou motoristas sem noção que dirigem a vinte Km/h no meio da rua, sem dar chance pra você ultrapassar. Ou pra aqueles que dirigem há dez anos e não sabem o que significa a palavra “seta”.
-Imposto para aquelas pessoas que sempre dizem: “ Você sabe com quem está falando? ”. Sim, isso existe, não é só em novela.
-Imposto sobre pessoas que comem com a boca aberta nas refeições, lambem os dedos e arrotam no final.
-Imposto sobre senhorinhas que saem de casa sem sutiã, mesmo que, devido à gravidade, os peitos estejam na altura do umbigo.
Espero que, com esses novos impostos, o Senhor presidente consiga tirar nosso país da lama.
E avise também que NÃO. Nós não compreendemos porcaria nenhuma.






sábado, 15 de julho de 2017

Na minha época


"Não existiam buffets infantis quando você era criança? Como assim? As festas eram onde, então?", perguntou meu filho, no banco de trás do carro.

Pois é Marcos, não existiam.  As festinhas de aniversário eram feitas nas casas dos aniversariantes mesmo. Geralmente, a gente desmontava a sala para ficar mais espaçosa. Os convidados ficavam por ali mesmo, na garagem, na sala ou no quintal. Os presentes ficavam sempre em cima da cama, e muitos queriam ir lá para ver o que a gente tinha ganhado. A vó que fazia o bolo, a mãe enrolava os brigadeiros, a gente enchia bexigas, separava as forminhas de brigadeiro, fazia sacolinhas surpresa e todo mundo ajudava. Então colocávamos um disco de vinil na vitrola ou fita cassete para ouvir e dançar. Depois te mostro no Google o que é disco de vinil e fita cassete.-respondi.

Ah, na minha infância também não tinha Google. A gente procurava o significado das coisas nas enciclopédias BARSA. O computador era uma novidade que poucos tinham. A gente fazia até curso de datilografia ainda quando o computador nos foi apresentado. Não fui com a cara daquele trambolho enorme. Só comecei a me simpatizar com ele quando descobri que dava para brincar de pintar no tal do Paint.

Quando a gente chegava na casa de alguém, a gente pedia um copo d’água e não o Wifi.

As televisões eram cubos enormes, bem pesadas e tinham antenas também. Não existia nenhum tipo de iluminação LED. As casas tinham bidês nos banheiros e poucas tinham closet. A gente tinha telefone fixo com fio, sem botões digitais. Não podia ficar falando muito tempo com alguém que já levávamos uma bronca pois iria custar caro. Quando eles começaram a aparecer sem fio, o chique era ter secretária eletrônica para ouvir os recados. A gente recebia telegrama. Usávamos o orelhão para ligarmos para alguém, se estivéssemos na rua. Não existia celular ou smartphones. As máquinas de foto eram bem diferentes e você não conseguia ver as fotos antes de revelar. Várias fotos saíam feias, mas não tinha o que fazer. Se você quisesse fazer cópias de alguma foto era necessário levar o negativo. Depois te mostro o que é isso, ainda tenho uns guardados.

 Quando eu era adolescente a gente ouvia músicas com aparelhos chamados walkman ou discman, dependendo se era fita ou CD.

Os DVDs também não existiam. Era filme VHS e a gente alugava em locadoras. Tínhamos que rebobinar o filme antes de devolver. Não, não existia Netflix, nem Net, nem Sky. Era antena parabólica.

Não existia leite de caixinha longa vida. Minha mãe comprava na padaria, vinha em saquinhos. Não existia Nutella, lenços umedecidos nem Vanish. Não existia rolinho tira- pelo. A gente não abria a porta dos quartos de hotel com cartão magnético. Era na chave mesmo. Não se ouvia falar de dietas low carb ou crossfit. A gente não dizia que “malhava” na academia, a gente ia na ginástica. Pilates só fui conhecer quando já era adolescente. Não ouvíamos falar de déficit de atenção ou hiperatividade. A gente achava que uns eram mais lerdos, viviam no mundo da lua e outros, ligados no duzentos e vinte.

Minhas brincadeiras favoritas eram esconde-esconde, gato mia, pega-pega, mãe da rua, Rio vermelho, queimada, jogos de tabuleiro e Stop. Também gostava de jogar baralho com a minha família (Buraco, Mau-mau). Depois surgiram os vídeo games com cartucho e eu passei a jogar bastante. Primeiro foi o Atari. Mas me encantei mesmo quando ganhamos o Super Nintendo. Me apaixonei pelo Mario Bros.

A gente ouvia muito falar do vírus da AIDS, nunca do vírus do computador. Não existia pen drive. A gente armazenava arquivos em disquetes. Depois te mostro como era. No Google deve ter.

Existia um relógio de pulso que vinha com uma calculadora junto. Era cheio de botõezinhos, de preço salgado. Nos caixas de mercado também não existia esse leitor de código de barra. As sacolinhas, em alguns supermercados eram de papel pardo. Os carros não tinham GPS, detector de ré ou air bag. Pra andarmos de ônibus circular tínhamos que comprar passes, que eram parecidos com moedas.




E o cinema? As cadeiras eram bem mais simples, sem filmes em 3D, nem som de última geração. Se o filme era muito comprido, tinha intervalo de uns dez minutos no meio.

Até as raças de cachorros mais comuns, na minha infância, foram extintas. Eram muito comuns: poodle, pequinês, doberman, husky siberiano. Hoje é difícil encontrar algum. 

Não existia escova progressiva, sobrancelha definitiva, botox e depilação a laser.




Não, não disse tudo isso para o meu filho. Parei na fita cassete. Imagina se eu tivesse que explicar tudo isso? Mas, mesmo assim, ele ficou me olhando como se eu fosse uma coitada, pensando em como deveriam ser frustrantes aquelas festinhas dentro de casa. Não Marcos, éramos muito felizes. A gente também curtia as festinhas e, como ninguém ficava com a cara enfiada num celular, a gente conversava uns com os outros. Me sinto pré-histórica quando vejo essa tonelada de mudanças que ocorreram em apenas três décadas. Na verdade, tudo isso aconteceu em duas décadas. Pois quando meu filho de dez anos nasceu, isso tudo já existia.
Fico imaginando qual vai ser a rede social que estará bombando daqui a trinta anos.






Ou serão extintas assim como foi o finado Orkut? Quais as gírias que vão falar, a evolução da moda, da tecnologia em geral, da música? Onde tudo isso vai parar? Sabe aqueles filmes do futuro que aparecem carros voando? Não duvido nada que já já eles estejam por aí. Fiquei sabendo que já existe um aparelho a laser para tratar a cárie, sem barulhinho e sem dor, porém ainda é muito caro. Mas sei que, quando nascerem meus netos, talvez todo dentista já terá um. Tomara! Aí nós vamos contar como era horrível fazer uma obturação na nossa época.

Lembro até hoje quando vi uma foto antiga do meu pai. Na foto ele deveria ter uns vinte anos e estava vestindo uma calça boca de sino lastimável. Todo mundo usava, ele não tinha culpa. Dei muita risada. Mas sei que meus filhos também vão rir muito de tudo isso.


quarta-feira, 7 de junho de 2017

Que m_rda de texto é esse?



Fui criada numa família onde falar sobre cocô era a coisa mais normal do mundo. Principalmente pai e tio. Falávamos sobre prisão de ventre, a melhor posição para o cocô sair, a consistência, o cheiro, contavam piadas com esse tema etc. Inclusive nas refeições. Dávamos muitas risadas. Óbvio que alguns protestavam: “-Pô, vamos parar? Estou comendo!!”. Isso é só pra vocês entenderem que não tenho nojo e problema nenhum em falar sobre isso. Mas te entendo e respeito se não quiser ler esse texto, ok?

 As pessoas evitam tanto em falar de cocô que criaram mil gírias e expressões pra substituir essa simples palavrinha de quatro letras: vou passar um fax, mandar o elevador para o térreo, chapiscar a porcelana, escorregar o Milkybar, fazer o parto da sucuri, escorregar o moreno, cortar o rabo do macaco, “vai fazer bolinho ou chazinho?”, soltar um barrão, fazer número dois, entre outros.

Muitas pessoas nem tocam no assunto e fingem que isso não faz parte da vida delas. Não gostam de falar nesse assunto e até dirão que sou nojenta. Pode dizer, não tem problema. Alguns dirão: pra quê falar de um assunto tão bobo como esse?! Bobo não. Já ficou uma semana sem colocar a máquina de churros para funcionar? Você começa a pensar em tudo o que comeu nesses sete dias e que AINDA está na sua barriga. É enlouquecedor. Você vai dar a maior importância, vai fazer oração e tudo o que puder. E outra, a gente ouve tanta m­­_rda  por aí, por que não podemos falar um pouquinho sobre ela?

O que eu acho legal do cocô é que TODO MUNDO  faz. Imagine aí na sua cabeça agora mesmo, a Gisele Bündchen sentada no trono, curvada, com uma diarreia daquelas, explosivas, sabe? Ou mesmo algumas pessoas de respeito como o Papa, o Dalai Lama, a princesa Kate Middleton, a Miss Universo, o Obama. Todos eles fazem! E o interessante é que não teve nenhuma inovação científica envolvida pra evitar constrangimentos, exceto um spray que disfarça o odor que fica no banheiro, em respeito às outras pessoas que irão usar. Ou seja, você pode ser a Rainha da Inglaterra e estar numa conferência com as principais autoridades do mundo todo. Mas se o cocô der aquele aviso “tem que ser agora”, você vai ter que pedir licença pra todos e dizer que “por motivos de força maior terá que se ausentar por uns minutos.”. Realeza atendendo ao chamado da natureza.  Deixa  eu ser mais clara: não tem jeito, o cocô tá se lixando para o seu dinheiro, posição social, lugar ou com quem você está. Numa reunião importante, falando com seu ou sua chefe chiquérrima que veio da Alemanha, numa rodoviária com banheiros imundos, numa estrada  ou praia deserta. Quando ele chama, já era. É um Deus nos acuda. Ele não espera, não tem paciência, é mal educado, traidor. O cocô fala a mesma língua em todos os povos e nações.

(Uma blogueira italiana fez essas imagens pra dizer a mesma coisa que eu: todo mundo faz!)

 Tem aqueles que são como um pato. De hora em hora tem que defecar. São aqueles que sempre desaparecem de repente e demoram pra voltar. Sofrem nas viagens, em reuniões de trabalho, no avião etc. Em contrapartida tem aqueles que tomam Activia Dan regularis cagaris  todos os dias, comem mamão e ameixa, tomam Tamarine e no final do dia fazem 3 bolinhas de cabrito, tão duras que deixam o fiantã todo esfolado. Parecendo que defecou uma família de ouriço. Você está em que time? Pato, ouriço ou faz normal?

E fazer cocô em lugar público então? Você trabalha num escritório com mais dez pessoas e um banheiro só? Péssimo, né? Quando está começando a se concentrar vem um tonto e tenta abrir a porta. O tóba dá aquela alicatada na hora. Parece a tartaruga quando guarda a cabeça dentro do casco sabe? Casa de praia com quatro famílias e um banheiro só? Também sei o que é isso.

Odeio fazer cocô com um monte de gente conversando na frente da sua porta. Não sai! Deveria ter uma plaquinha escrito: “Silêncio, por favor. Pessoas estão tentando se concentrar.”. E já reparou que quando o troço grandão vai cair, todas param de conversar? Você consegue fazer cocô normalmente quando viaja? Ou trava na hora? Nada melhor que fazer número dois em casa, fala sério? O furico tem Google Maps, ele sabe exatamente qual é o seu banheiro e se ele está num raio de 500 metros ou não.

Agora, se você tem muito nojo de cocô, não tenha filhos. É algo que ninguém está preparado, sabe? Outro nível mesmo. Oito cocôs por dia, com cheiros e consistências que você nunca tinha visto antes. Passei por muitas situações constrangedoras com os filhos.  Algumas delas: Cocôs que vazaram e foram parar na minha perna, cocôs que explodiram, cocôs que foram feitos dentro da banheirinha, transformando a cor da água em mostarda, cocôs que saem pela fralda e vão subindo pelas costas (o grande desafio: tirar o body por cima ou por baixo? Se tirar por cima, o nenê ganha uma hidratação grátis nos cabelos). Ah, e outra coisa que aprendi: Aquele lixinho branquinho que tem nos quartos de bebê é só pra jogar fralda de xixizinho. As com cocô, têm que mandar incinerar mesmo. Você torce para o lixeiro passar rápido pra tirar aquilo de perto da sua casa. Nossos filhos nunca saberão o que tivemos que fazer por eles, começando com os cocôs. E depois, você ainda percebe que isso era até fácil. Desafios mais difíceis virão, como lapidar o caráter daquela pessoinha. E como a gente ama aquela pessoinha que caga tão fedido!

O cocô nos dá de presente muitas boas histórias pra recordar por toda a vida. Eu teria que escrever uma trilogia de tantas histórias que tenho pra contar. De um tio meu que arrombou a linda porta provençal de seu apartamento, pois estava sem chave e o cocô estava já saindo, de um amigo meu que sumiu na C&C e deixou a família inteira o procurando enquanto estava fazendo um estrago no banheiro ( só pra você entender o nível: teve que tirar as meias e jogar no lixo. Entendeu?), de outro amigo que teve que parar no meio da estrada e defecar escondido atrás de uma borracharia, da aula de exame de fezes que tive que levar um cocô na faculdade e tive que pegar emprestado de uma amiga.

Talvez você esteja com um sorrisinho macabro aí, se lembrando daquela sua tia velhinha que não aguentou chegar no posto e se borrou toda, no meio da estrada. E que você estava sentado do lado dela. Ou daquele seu amigo que tinha uma freada de bicicleta na cueca e todos do acampamento viram, ou daquela vez que você foi pela primeira vez na casa da mina que estava gostando e fez um antebraço no lavabo chique da casa e o cocô não queria ir embora . Ou  daquela vez que fez um estrago e ficou aliviado mas viu que não tinha papel pra limpar e começou a gritar pedindo ajuda. Quem nunca?

Ouvi uma mensagem uma vez sobre a importância do cocô no adubo e  o quanto que esse enriquecia o solo. Sem cocô não existiria adubo! E a moral da história era: seja o cocô na vida de alguém! Enriqueça a vida das pessoas!

No acampamento de carnaval desse ano da minha igreja  fiz um stand up. Acreditem, consegui prender a atenção de mais de 300 pessoas de todas as idades falando sobre o quê? Cocô! Amaram! Estava um pouco apreensiva sobre qual reação a plateia teria já que minha igreja é presbiteriana daquelas tradicionais, mas amaram! Coloquei fotos de membros da igreja num telão, inclusive da equipe pastoral inteira. Minha sorte é que o pastor é meu amigo e gosta dos meus textos. Inclusive foi ele quem deu a ideia de eu fazer o stand up. Não sei se ele se arrependeu,  mas o fato é que as pessoas da igreja me encontram na rua e você ouve: olha a moça do cocô aí. (Que b_sta né? Acabei com minha reputação.)

E você? Que história engraçada sobre o tema vem à sua mente nesse momento? Qual parente ou amigo que tem aquele baita potencial pra interditar qualquer banheiro? Conta aí!

 

quarta-feira, 19 de abril de 2017

Medo de avião


Todo mundo tem medo de alguma coisa. Mas o meu martírio é viajar de avião. Para muitos, o medo vai diminuindo a cada viagem mas, pra mim, foi o contrário. Cada viagem que faço com minha família, tenho que enfrentar, geralmente, quatro voos. Dois na ida e dois na volta. Digo ENFRENTAR, pois é a palavra certa pra quem foi feita pra ficar no chão: eu. Tento disfarçar bem e não fazer cara de pânico. 

Confesso que tenho vontade de dar uma gargalhada quando a(o) comissária(o) de bordo dá as instruções caso haja uma despressurização, com aquele sorrisinho tranquilo no rosto. E quando ela diz então: “Em casos de pouso na água use o assento para flutuar”. Tenho vontade de dizer: “Viu moça? Nesse caso, você poderia me ajudar? Porque meu assento já estaria todo lambuzado de fezes e eu, provavelmente, já teria desmaiado. Ficaria complicado...” Agora, pra mim, o mais engraçado é quando eles dizem, após terminarem as instruções: “Aproveitem a viagem”. Como se eu fosse me divertir ali, aproveitando aquela bela paisagem da janelinha, que eu tento nem olhar. Não aeromoça, quem tem medo de avião não aproveita nem um minutinho sequer e fica contando o tempo que falta pra chegar em terra firme.


Odeio aquele frio na barriga, a pressão nos meus ouvidos, aquela sensação de montanha russa. Se eu sinto falta de ar? Não, sinto falta da terra mesmo, de estar paradinha ali, no chão.

No ano passado cheguei a chorar (baixinho, enfiei a cara no ombro do meu marido.) quando, depois de quatro horas que já estava tensa dentro daquela lata, o avião deu aquela despencada.O céu estava bem limpinho. Pelo que eu entendi, o avião vem sendo sustentado por uma massa de ar constante e isso acontece quando uma corrente de ar quente vem de baixo pra cima. Mas não me interessa a física, a meteorologia e o escambal. O que interessa é que achei que ia morrer. Não foi fácil . E ainda tive que ouvir do meu marido que aquilo não foi nada assim tão grave.(Sério? Quando que é grave então?)

Aí percebi que precisaria de calmante para os próximos voos, não tinha jeito. Faço o possível pra esquecer que estou ali. Devoro a revista inteira do avião, leio livro, ouço músicas e se tiver aquelas televisões então, melhor ainda. Mas meus esforços para relaxar acabam na hora que aquela geringonça gigante começa a tremer. E outra: fico atenta a qualquer barulho estranho. Até eu entender que o trem de pouso está sendo liberado ou recolhido, já pensei em várias possibilidades catastróficas

 Evito, lógico, assistir qualquer seriado ou filme com desastres aéreos. Mas na quinta série, a professora de ciências fez a classe toda assistir um filme antigo chamado "Vivos", que por sinal, quase ninguém sai vivo, após um acidente de avião. Valeu professora! Só atrapalhou minha vida.

 O bom dessas minhas viagens, é que minha fé é elevada a outra dimensão. Converso com Ele, o grande Deus que criou os aviões. Vejo quão pequenos e dependentes somos Dele naquela imensidão dos céus. Oro pela fuselagem, por cada pessoa que trabalhou na fabricação do avião, pelo piloto, copiloto, torre de controle. Peço que não haja nenhum fator agravante ao meu medo como turbulências, tempestades, raios e aí vai. 



Você está querendo me dar alguma dica para me acalmar na próxima vez? Agradeço, mas é difícil. Medo é algo irracional. Já fui pesquisar sobre turbulências, dicas de como se acalmar e relaxar durante o voo e não sei se adianta. Sei de todas as estatísticas e que esse é o meio de transporte mais seguro que existe e blá blá blá. Mesmo assim penso dez vezes quando vou fazer qualquer viagem. Sei que não tem outro jeito, na maioria dos destinos com longa distância. É o preço que tenho a pagar se quiser conhecer lugares diferentes e outras culturas.

Descobri que existe um comandante da Varig aposentado, que cobra $300,00 a hora para ser acompanhante de voo. Sim, só pra sentar do lado e ir conversando com você durante a viagem.  Ele tenta ajudar a pessoa amedrontada (e rica, com certeza) com informações, meditação, conversas etc. Ele até criou um termo para essa nova profissão: personal flyer. Isso porque ele verificou numa pesquisa feita por ele mesmo que a maioria dos passageiros fica apavorada ao voar (Viu? Eu sou normal. Faço parte da maioria). Se você não está nem aí pro avião, parabéns! Você faz parte dos míseros 2% dos passageiros. Tenho até raiva de você, desculpa. O avião chacoalhando igual máquina de lavar roupa velha e você olha pro lado e a pessoa tá dormindo tranquilamente?!  Como pode uma coisa dessa?


Obrigada Santos Dumont, pela sua invenção, você foi genial. Mas, definitivamente, não fui feita pra isso. Tento pensar :coragem, respire fundo e não passe mal. Engula o medo e faça cara de normal.( E um Rivotril sublingual também não faz mal). Gostaria muito de conhecer vários países da Europa e já pesquisei algumas alternativas que não seja de avião. Sei que a primeira parte não tem jeito. Tudo bem. Mas chegando lá, fiquei sabendo que tem uns trens maravilhosos pra visitar os países vizinhos. Amei e pretendo ir. De barco, navio, trem, cruzeiro, cavalo, camelo, jumento, qualquer coisa. Avião não.

sexta-feira, 14 de abril de 2017

Configurando a cabeça




Se o sistema está pesado e cheio demais, tem hora que a gente precisa formatar tudo e dar uma arrumada na vida. E renovar o antivírus, já que o stress acaba com a nossa imunidade. Às vezes precisamos, também, nos desconectar de algumas encrencas e problemas.
Não esqueça que, se tudo parecer lento e bugado, é só reiniciar o PC. Não precisa fazer download de tudo nessa vida. Clica só no que é importante e organize em pastas. E então, dê um Control C Control V naquilo que vale a pena, nos bons exemplos e nas pessoas que te inspiraram. Melhor ainda se você conseguir deletar traumas, lembranças ruins, algumas pessoas que só te fazem mal.  E feche algumas janelas que só atrapalham.

Seria interessante se você conseguisse maximizar as virtudes das pessoas que o rodeiam e minimizar os defeitos. Ah, e digo uma coisa: é possível ser muito feliz sem depender de likes e curtidas. Compartilhar bons momentos é muito bom, mas também devemos compartilhar nossas tristezas com quem amamos. Não fique colocando tudo de baixo do tapete. Quem nunca precisa de manutenção?

E por último, não deixe de fazer um backup no fim do dia com Deus. O melhor e mais seguro navegador pra você estar sempre conectado. Não apresenta falhas e, em se tratando de “Salvar”, não há outro modelo de tamanha qualidade no mercado. Vem com antivírus grátis. nunca dá pane e ainda te ajuda a lutar contra os hackers deste mundo. A instalação é rápida e pasmem: grátis. A única coisa é que você precisa dar uma boa limpada no Sistema antes de instalar. Além de tudo isso, instalando um, você ganha três possibilidades de navegar. Incrível, não é?

sábado, 25 de março de 2017

“Mãe, como surgem os bebês?” O dia chegou




 Sim, chegou aquele dia. Prova de ciências do meu filho. Quinto ano. Matéria: aparelho reprodutor masculino e feminino e como um ser humano é “fabricado”. Oh my God!!! Help me! Sabia que esse dia iria chegar, mas foi rápido demais, não estava preparada. Estudo junto com ele antes de todas as provas mas essa, só essa, eu queria pular.


Fato 1: fui inundada pela tentação de contar a história da sementinha que o papai pôs na mamãe. Ou da cegonha. Resolveria tudo e acabou. Mas estava tudo ali, no livro. Já era!


Fato 2: acho que eu estava mais nervosa que ele. Mas fingi estar tudo sobre controle mesmo o meu coração estar quase pulando pela boca.


Fato 3: tive que falar e explicar palavras como vulva, sêmen, esperma, vagina, bolsa escrotal e pudendo feminino (Socorro! O que é isso gente? Pelamor!!!Nunca tinha ouvido falar nisso em toda a minha vida. Não tinha um jeito dessas palavras serem menos horrorosas? Tipo bilau e fifita?)  Nisso, a segunda frase do Fato 2 quase foi por água abaixo. Quis literalmente sumir nessa hora e quase chamei meu marido pra explicar a parte que compete ao homem na reprodução humana. Mas tá. Respira fundo, vamos lá. 


Fato 4: orei dez vezes antes de ir estudar e pedi à Deus pra que a imaginação do meu filho não se empolgasse muito naquele momento. (“Olha filho, vamos focar somente no que está escrito no livro, ok?”). Sem perguntas cabulosas como: “Mas você e o papai fazem isso aqui?”


Fato 5: ele ficou um pouco horrorizado ao saber por onde passa a cabeça de um bebê no parto normal, considerando o diâmetro da cabeça dele (Família do pai é nordestina. Já viu o tamanho da cabeça né? ). Mas o tranquilizei ao dizer que eu escolhi cesariana.


Fato 6: Eu consegui! Passei de fase!!! Parabéns pra mim! Acho que até me saí bem. Ele fez algumas caras de nojinho, mas também morreu de rir em outros momentos. Disse até que me amava depois. Isso é um bom sinal.


O problema é: Daqui a 4 anos tenho que explicar tudo de novo pro meu caçula. Pois eu contribuí para a continuidade da espécie duas vezes, segundo os livros. Espero, de coração, que até lá já tenham trocado a palavra pudendo feminino. Aliás, podiam trocar todas e só manter ovário, útero e óvulo. Com quem eu posso falar pra dar essa sugestão?


Queria agradecer a equipe que escreve os livros escolares UNO por não ter revelado ainda que a relação sexual tem também outros fins recreativos e de entretenimento que não seja somente a reprodução.Ufa, menos mal. Deixa que isso ele descobre depois. 


Agora veja só: estou horrorizada que meu filho já está aprendendo isso. Imagina quando eu descobrir que ele está FAZENDO isso. Não! Chega. Pra mim já é demais. Não pensa, não pensa, não pensa...Um capítulo por vez, por favor.