terça-feira, 21 de agosto de 2018

Modelo de declaração de amor






Muitos têm dificuldades em preparar uma declaração de amor decente para o amado(a). Foi pensando em ajudar minha sobrinha, prestes a se casar, que escrevi essa declaração de amor tão bela, romântica e elegante. Passo o modelo adiante, a fim de tentar contribuir com os apaixonados sem dom nenhum pra produzir uma declaração de tirar o fôlego. De nada. E desculpa sobrinha. Te amo.


Meu amado,
Como foi mágico o momento em que nos conhecemos. Você me viu pela primeira vez na calçada e disse: “ Uau! Não sabia que flor nascia no alfalto?!”. Fiquei encantada. 
Depois de uns dias te mandei um Whatsapp, onde escrevi: “Fica comigo, que te faço esquecer a Joana. E você perguntou: “Que Joana?”. Eu respondi: “ Viu? Até já esqueceu!”

Foi então que nossa história de amor começou. Você deve pagar muitas multas por excesso de velocidade pois chegou muito rápido no meu coração. Você não é o Facebook mas eu amo te curtir. Só não quero te compartilhar. Também não é o Google mas tem tudo o que estou procurando.
Perto de você sou igual um miojo: fervo em três minutos. Se você fosse um refrigerante seria uma soda pois no meu coração SODA você.

Toda vez que estou com você sinto cheiro de tinta pois sempre acaba pintando um clima. Se você fosse um tempo verbal, seria o pretérito mais que perfeito. Você não é pescoço, mas mexe com minha cabeça. Também não é a capital de Roraima, mas é uma Boa vista.Você não é uma lente mas sempre manteremos contato.

Me chama de cadarço que eu estou amarradona em você. Ou me chama de Buzz Lightyear, que eu te levo ao infinito e além. 
Meu amor por você é como obra do governo: não acaba nunca! Se você fosse um peido, eu não te soltava jamais!

 Eu não trabalho nos Correios, mas vou te encher de selinhos.

Agora que vamos nos casar, prometo ser como as Casas Bahia: dedicação total a você! Não sou cimento, mas agora teremos algo concreto. Sim! O grande dia chegou!

Não seremos absorventes, mas seremos mais íntimos e estou muito feliz por isso. Me chama de sofá e perde o controle comigo.

Você é o ovo que faltava na minha marmita. Nem tenho asma, mas quando te vejo fico com falta de ar. Você é dólar ou euro porque real não pode ser!

Existe Star Wars ou Star Trek mas eu só quero Star com você. Você coisou o meu coração de um jeito tão fofo...
Pra você virar um bombom só falta a valsa, pois o sonho você já é. Como um GPS, você me levou para o caminho certo do seu coração. Que nosso amor seja como as pilhas alcalinas, que duram muito mais que as outras.

Sempre te amarei.



terça-feira, 7 de agosto de 2018

Virando uma pinguim


Meu caçula me disse, um tempo atrás, que o maior sonho dele era ir para o Polo Norte pois queria muito fazer um boneco de neve. A partir de então comecei a pensar numa viagem na qual meus filhos pudessem conhecer a neve, mas num lugar um pouco mais perto. E deu certo. Melhor ainda, com amigos queridos juntos. Acabo de voltar de Bariloche, onde pude desfrutar de algumas primeiras vezes na minha vida. Primeira vez que tomei sorvete de maçã. Que fiz um passeio de 4X4. Que usei raquetes nos pés, que dirigi um quadriciclo, que fiz skibunda na neve.

Percebi, também, como dá trabalho vestir roupas apropriadas para a neve. Para uma bauruense que está acostumada com 30 graus Celsius pra cima, o frio intenso dá um certo medo. Então começa uma megaoperação: são várias e várias peças de roupa: a meia calça, o top, a segunda pele térmica, outra malha, o casaco impermeável, a calça, duas meias, saquinho de plástico pra não entrar neve na bota, cachecol, luvas, gorro. Aí quando você termina tudo, percebe que é melhor fazer xixi no hotel, antes de ficar procurando um banheiro no meio das montanhas brancas de neve. Sim, devia ter feito antes, eu sei. Então, começa a arrumar seus dois filhos. Quando termina tudo percebe que está suando. O hotel tem um sistema de calefação potente. Me arrependi, aliás, de não ter levado algumas peças de roupa de calor.

Foi lá que conheci os remis, que são como táxis, porém você já combina o valor da corrida antes de partir para o passeio. Foi lá que encontrei tantos brasileiros que entendi o porquê de Bariloche ter sido apelidado como Brasiloche, com toda a razão. Foi lá que andei muitas e muitas vezes de teleférico, que vi paisagens incríveis, todas com aquelas montanhas com picos nevados ao fundo e um lago sensacional azulado, que praticamente podemos ver da cidade toda. As crianças não estavam nem aí pra vista. A única coisa que elas queriam era um bom tanto de neve acumulada pra brincar, fazer boneco ou guerrinha de neve. Não interessava se ia ter fondue de chocolate, se iríamos ver uma das vistas mais lindas do mundo, se íamos andar de teleférico, 4X4 ou o escambal. Estavam se lixando pra tudo isso. Mas, na cidade de Bariloche não tinha neve acumulada, somente se subíssemos os morros (cerros, em espanhol).

Foi lá que fiz vários xixis sem lavar as mãos depois. Era impossível. A água da torneira parecia que estava vindo direto de um iceberg. Só quando chegava no hotel conseguia lavar com água compatível com a temperatura de vida habitável no planeta. Descobrimos que uma guerrinha de neve é legal e inofensiva, com exceção de quando te acertam na nuca e a neve vai entrando pelas costas, descendo até a bunda. Aconteceu com minha amiga. Achei que ela estava tendo uma convulsão na hora, mas só estava tentando tirar a neve.

Conheci palavras em espanhol muito simpáticas: como huevos revueltos (ovos mexidos), peluqueria, que pra mim, mais parece uma loja de peruca mas era somente salões de cabeleireiros. Tinha muitos sanatórios pela cidade. Pensei se lá haveria tantos loucos assim, mas depois descobrimos que sanatórios eram clínicas ou hospitais. O que eu mais falava era "Ola, que tal?" e "gracias". Mas meu maridão mandou super bem com as aulas de espanhol que fez um tempo atrás.

Lá enfrentei a maior alternância de frio/ calor na minha vida. Tira o gorro, põe o gorro, tira a luva, põe a luva. Isso 20X por dia. Dentro das lojas, cafeterias, refúgios e hotel era tudo bem quentinho, abria a porta pra ir embora? Um gelo. Foi lá que eu vi que fazer um boneco de neve não é tão fácil assim. Mas eles fizeram. Sonho realizado.
Tirando a parte do avião, que é necessária, foi tudo muito bom e inesquecível. O desafio era não comprar as fotos caras que os fotógrafos tiravam nos parques. Como escolher? Sou louca por fotos! Não entrava na minha cabeça que alguém iria deletar aquilo assim que eu decidisse não comprar. Isso que a gente fica tão encapotado de roupas que mal dava pra reconhecer meus filhos nas fotos. Sério! Só os olhos ficavam descobertos. Poderiam colocar um dublê com óculos, capacete, gorro e um casacão dizendo que era meu filho que eu acreditaria na hora.

Foi lá que fiquei perdida com os pesos e tinha que dividir tudo o que via pra comprar por sete, pra ter noção de quanto custava aquilo em reais. Foi lá que comprei chás diferentes dos daqui: de chocolate, de caramelo, de doce de leite( sim, acredite!) e de rosa mosqueta.

Foi lá que dei um beijo pela primeira vez numa linda cachorra da raça São Bernardo, chamada Alma. E foi lá que vi o céu e as nuvens mais incríveis da minha vida. Uma paisagem mais linda que a outra. 

Meu novo desafio agora é fazer secar as muitas roupas sujas da família toda nesses dias tão chuvosos por aqui. Mas muito feliz e grata a Deus pela experiência. Recomendo. Fabricamos ótimas lembranças na mente dos meus filhotes e muitos sorrisos. Pretendo voltar pra tentar esquiar e conhecer outros lugares que não conseguimos ir por causa das crianças. E que venham mais sonhos pela frente, mais bonecos de neve, chocolate quente e nuvens incríveis.