domingo, 17 de setembro de 2017

Sobrinha, fazendas & perereca


Flora, minha sobrinha, nasceu em São Paulo capital, entre prédios, avenidas e congestionamentos. Uma lindeza de menina. Olhos azuis e cabelos castanho claro.  Com cerca de três aninhos foi passar uns dias numa fazenda, dessas no meio do mato, sem Wi-Fi. Eu também estava lá. Mas, logo nas primeiras horas que estava apreciando a natureza, ela resolveu pegar um bichinho na mão. Era um marimbondo que quis se defender do ataque. Resultado: daquele momento em diante, Florinha ficou horrorizada e traumatizada com esses cruéis insetos voadores. Todos eles. Qualquer bichinho de luz que aparecia voando num raio de 10 metros fazia ela gritar. Não foi nada fácil para minha irmã. E também não adiantou as 100 vezes que explicamos que aqueles bichinhos não picavam, eram lindos e bonzinhos etc.


Depois de um bom tempo, minha irmã foi em outra fazenda. Mas, caro leitor, minha sobrinha não tinha esquecido o episódio do marimbondo e resolveu, novamente gritar para todos os 1.922 bichinhos que apareceram perto dela. Quando foram usar o banheiro da suíte na qual ficaram hospedados, constataram a presença de uma mini perereca dentro da privada. Como ninguém se habilitou para tirar o pequeno anfíbio de lá, minha irmã, então, resolveu dar descarga. Pronto, assunto resolvido. Florinha, pode fazer xixi tranquila. Mas descobriram que a perereca era da espécie Michael Phelps e voltava nadando, toda felizinha. Os xixis nem a incomodavam mais. Mal sabia a perereca que Florinha estava com virose. De madrugada, minha sobrinha passou quase uma hora no trono com diarreia. Minha irmã não via mais a perereca e ficou por ali, dando um apoio moral pra filha. Ficou pensando, preocupada, se a perereca pularia na perereca da Florinha e o susto que ela levaria. Pensou também se a perereca sobreviveria a essa chuva de diarreia. Florinha terminou e levantou da privada. Mas sentiu um enjoo repentino e começou a vomitar bastante no chão do banheiro. Eis que surge algo pulando no chão, toda vomitada. Judiação da perereca. Que vida!! Judiação da Florinha também. Não tem sorte em fazendas. Mas já está ótima e saudável. Talvez, daqui a um tempo, ela esqueça do episódio do marimbondo e perca esse trauma. Já não posso dizer o mesmo da perereca, que nunca esquecerá daqueles dias. Seu estado psicológico foi estraçalhado pela visita da menina da cidade grande. Ora os humanos ficam traumatizados pelos bichos, ora os bichos ficam traumatizados pelos humanos. Oremos pela perereca.