Flora, minha sobrinha, nasceu em São Paulo capital, entre
prédios, avenidas e congestionamentos. Uma lindeza de menina. Olhos azuis e
cabelos castanho claro. Com cerca de três
aninhos foi passar uns dias numa fazenda, dessas no meio do mato, sem Wi-Fi. Eu também estava lá. Mas, logo
nas primeiras horas que estava apreciando a natureza, ela resolveu pegar um
bichinho na mão. Era um marimbondo que quis se defender do ataque. Resultado:
daquele momento em diante, Florinha ficou horrorizada e traumatizada com esses
cruéis insetos voadores. Todos eles. Qualquer bichinho de luz que aparecia
voando num raio de 10 metros fazia ela gritar. Não foi nada fácil para minha
irmã. E também não adiantou as 100 vezes que explicamos que aqueles bichinhos
não picavam, eram lindos e bonzinhos etc.
Depois de um bom tempo, minha irmã foi em outra fazenda. Mas,
caro leitor, minha sobrinha não tinha esquecido o episódio do marimbondo e
resolveu, novamente gritar para todos os 1.922 bichinhos que apareceram perto
dela. Quando foram usar o banheiro da suíte na qual ficaram hospedados,
constataram a presença de uma mini perereca dentro da privada. Como ninguém se
habilitou para tirar o pequeno anfíbio de lá, minha irmã, então, resolveu dar
descarga. Pronto, assunto resolvido. Florinha, pode fazer xixi tranquila. Mas
descobriram que a perereca era da espécie Michael Phelps e voltava nadando,
toda felizinha. Os xixis nem a incomodavam mais. Mal sabia a perereca que
Florinha estava com virose. De madrugada, minha sobrinha passou quase uma hora
no trono com diarreia. Minha irmã não via mais a perereca e ficou por ali,
dando um apoio moral pra filha. Ficou pensando, preocupada, se a perereca
pularia na perereca da Florinha e o susto que ela levaria. Pensou também se a
perereca sobreviveria a essa chuva de diarreia. Florinha terminou e levantou da
privada. Mas sentiu um enjoo repentino e começou a vomitar bastante no chão do
banheiro. Eis que surge algo pulando no chão, toda vomitada. Judiação da
perereca. Que vida!! Judiação da Florinha também. Não tem sorte em fazendas. Mas já
está ótima e saudável. Talvez, daqui a um tempo, ela esqueça do episódio do
marimbondo e perca esse trauma. Já não posso dizer o mesmo da perereca, que
nunca esquecerá daqueles dias. Seu estado psicológico foi estraçalhado pela
visita da menina da cidade grande. Ora os humanos ficam traumatizados pelos
bichos, ora os bichos ficam traumatizados pelos humanos. Oremos pela perereca.