quarta-feira, 4 de julho de 2018

Sinais de amadurecimento (pra não dizer envelhecimento) aos 37



Se você calcula que vai viver uns 80 anos, chegando perto dos 40 estamos no fim do primeiro tempo, correto? É a minha situação no momento atual. Porque 37 é praticamente 40. Ta aí já. Até, inclusive, tenho reparado em vários sinais de velhice que estão aparecendo aqui e ali.

Por exemplo, quando percebo que a primeira coisa que eu quero fazer quando chego num lugar é sentar. Uma passeadinha no shopping, em pé por uma hora, já começa a cansar e a gente dá a desculpa de sentar pra tomar um café ou suco. Sede que nada! São seus quadris já  implorando por uma cadeira, a sapatilha já está incomodando, os pés doendo, entendeu?

Reparei também, que de um dia para o outro comecei a me interessar por plantas. Acho preocupante, sabe por quê? Velhas amam plantas. Morro de medo de sair roubando mudas da casa dos outros* e ver, de repente, que tenho 125 vasos na minha casa, como minha mãe. Pode ver que jovens não estão nem aí pras plantas. Malemá eles sabem reconhecer o que é uma violeta, uma orquídea, uma margarida ou uma rosa. Mas eu comecei fazendo um terrário aqui, outro ali. Num dia estava no Ceasa comprando plantas, perguntando “Qual o nome daquela ali? Ela gosta mais de sol ou de sombras.” E, de repente, você se vê apaixonada por suculentas, conhece várias plantas pelo nome como ecsórias, calandivas, Kalanchoes, jiboia, columeia, peixinho, pata de elefante, cyca, alpínias, bromélias etc.

Outro fato: estava eu fazendo academia e começou a tocar uma seleção de músicas retrô dos anos 80 e 90. Eu amei! Eram todas da minha época. Ficava cantando junto, baixinho. E sabe por que eu estava na academia? Pra fortalecer meu joelho, que sofreu uma lesão de um dos ligamentos. Viu? Envelhecimento. As coisas ( e os joelhos) não duram pra sempre. Até que gostei dessa academia. Só vai um pessoal mais velho, tudo lesionado, papo cabeça, sem nenhum bombadão querendo mostrar os bíceps. Sem desfile de piriguetes.

Pode reparar: quem passa dos trinta começa a se preocupar com colesterol, a fazer mamografia e dar uma passadinha na farmácia 3x por semana. A nécessaire das viagens começa a ter cada vez mais remédios, antiácidos, inclusive o sublingual pra dormir que você teve que começar a usar, pois os olhos resolvem não fechar e você não consegue mais nanar como antigamente. Levantou pra fazer xixi às 3 da madruga? O cérebro começa a dançar Macarena do nada e pensar em mil coisas irrelevantes e ridículas.  
Com a nova fase enta chegando perto, você começa a pensar 20X antes de chamar casais com crianças pequenas pra vir jantar na sua casa. Me deixe explicar antes que você pense que sou uma bruxa: meu caçula já é barulhento. Juntando com outras crianças, imagine o que vira o jantar? Ninguém consegue conversar uma frase sequer. E convenhamos: filhos são como peido. Você é obrigado a aguentar os seus. O dos outros não. Amo essa frase. Palmas para quem a inventou.

Uma coisa boa que acontece (Ufa, existem coisas boas também! Glória Senhor!) é que você passa a identificar quais programas são de índio ou barca furada. É uma belezinha.** 
Você começa a ficar com preguiça de discutir com gente chata e vê que a vida é bem melhor assim.
E tem mais: Você começa a amar o silêncio, a escolher restaurantes que são mais tranquilos, sem muita poluição sonora, sem badalação. Festas infantis te dão arrepios. O programa que você mais gosta de fazer, é sentar com os amigos, comer e conversar por horas, dando risada, claro. Agora deem uma olhada nisso: esses dias convidei duas amigas pra virem em casa numa noite fria pra jantarmos e batermos papo. Sabe o que comemos? Sopa de abóbora***! E elas amaram! (ou fingiram muito bem). Sabe quantos jovens se reúnem em casa pra comer sopa de abóbora? Nenhum! Eles fazem hambúrguer, miojo, brigadeiro, pedem pizza, qualquer coisa.
Seu coração, agora, palpita de alegria quando vê uma pia sem louça nenhuma e você começa a pegar um monte de receitas, dá print, copia, salva no celular. Mas faz alguma? Nananinanão. Começa a fazer previdência, a pensar em seguro de vida. Percebe que prefere morrer a ir numa montanha russa. Não curte mais música eletrônica e passa a ouvir opções mais tranquilas, acústicos etc. Você percebe que o último pulo tipo “bomba” que você deu numa piscina faz mais de trinta anos.

Outra coisa; cheguei numa idade que não estou mais nem aí se minha calcinha é bonita. Uso, atualmente a mais brochante do universo. Depois de passar mais de três décadas me incomodando com os modelos de calcinha que só foram feitos pra entrar no bumbum (tenho pavor), encontrei uma opção que é o paraíso. Não marca também. Um conforto só. Isso é qualidade de vida! Hoje sou muito mais feliz!

Do nada, o filho que você pariu esses dias atrás está calçando 42 e pensando em namorar. E ainda ri da sua cara quando você diz “recreio” pois hoje em dia não se fala mais assim. É intervalo.
O tempo passa a correr na velocidade da luz e você nem sabe mais quantos anos está fazendo no seu aniversário. O corretivo de olheiras começa a acabar mais rápido, pois cada vez, passo mais pra sair um pouco apresentável e não assustar as pessoas na rua.

Assistindo um dos jogos do Brasil na Copa, falei algo sobre o jogador Bebeto pra uma sobrinha que estava ao meu lado. Ela é advogada já, uma adulta. Está pra casar. Sabe o que ela disse: “Bebeto? Não sei quem é.” Então eu me toquei que ela era uma bebê enquanto eu torcia fervorosamente pelo Bebeto, na Copa de 1994. Aliás, você começa a perceber que está ficando velha pelo tanto de Copas do mundo que já viveu.

Amadurecer, porém, tem muitas vantagens. E não posso reclamar: ainda não tenho reumatismo (devo ter, mas não sinto os sintomas, pelo menos) e não consigo sentir se o chão está gelado quando tiro o sutiã. Também tenho raríssimos cabelos brancos. Mas vou me preocupar mesmo quando estiver acordando bem cedo pra varrer a calçada, de meias e sandálias. 

Esses dias li uma frase no Facebook que dizia: “Pior que envelhecer é não se tornar alguém melhor”. Então, vamos lá. A tarefa é árdua. Bora envelhecer minha gente! É isso ou isso, se você não quer morrer jovem.

* Toda velha faz isso. Se você nunca viu, cuidado! Pode ser sua mãe ou sua vó.
**Quem fala "belezinha" já tá ficando velha(o). Pode ter certeza. Jovens não falam essa palavra.
***Tudo bem que não era uma simples sopa de abóbora. E de fitness ela não tinha nada pois coloquei várias coisas gordas nela como calabresa, bacon, gorgonzola, creme de leite. Se quiser te passo a receita. Ops, passar receita é sinal de velhice.