As pessoas evitam
tanto em falar de cocô que criaram mil gírias e expressões pra substituir essa
simples palavrinha de quatro letras: vou passar um fax, mandar o elevador para
o térreo, chapiscar a porcelana, escorregar o Milkybar, fazer o parto da sucuri,
escorregar o moreno, cortar o rabo do macaco, “vai fazer bolinho ou chazinho?”,
soltar um barrão, fazer número dois, entre outros.
Muitas pessoas nem tocam no assunto e fingem que isso não
faz parte da vida delas. Não gostam de falar nesse assunto e até dirão que sou
nojenta. Pode dizer, não tem problema. Alguns dirão: pra quê falar de um
assunto tão bobo como esse?! Bobo não. Já ficou uma semana sem colocar a
máquina de churros para funcionar? Você começa a pensar em tudo o que comeu nesses
sete dias e que AINDA está na sua barriga. É enlouquecedor. Você vai dar a
maior importância, vai fazer oração e tudo o que puder. E outra, a gente ouve
tanta m_rda por aí, por que não
podemos falar um pouquinho sobre ela?
O que eu acho legal do cocô é que TODO MUNDO faz.
Imagine aí na sua cabeça agora mesmo, a Gisele Bündchen sentada no trono,
curvada, com uma diarreia daquelas, explosivas, sabe? Ou mesmo algumas pessoas
de respeito como o Papa, o Dalai Lama, a princesa Kate Middleton, a Miss Universo,
o Obama. Todos eles fazem! E o interessante é que não teve nenhuma inovação
científica envolvida pra evitar constrangimentos, exceto um spray que disfarça
o odor que fica no banheiro, em respeito às outras pessoas que irão usar. Ou
seja, você pode ser a Rainha da Inglaterra e estar numa conferência com as
principais autoridades do mundo todo. Mas se o cocô der aquele aviso “tem que
ser agora”, você vai ter que pedir licença pra todos e dizer que “por motivos
de força maior terá que se ausentar por uns minutos.”. Realeza atendendo ao
chamado da natureza. Deixa eu ser mais clara: não tem jeito, o cocô tá se
lixando para o seu dinheiro, posição social, lugar ou com quem você está. Numa
reunião importante, falando com seu ou sua chefe chiquérrima que veio da
Alemanha, numa rodoviária com banheiros imundos, numa estrada ou praia deserta. Quando ele chama, já era. É
um Deus nos acuda. Ele não espera, não tem paciência, é mal educado, traidor. O
cocô fala a mesma língua em todos os povos e nações.
(Uma blogueira italiana fez essas imagens pra dizer a mesma coisa que eu: todo mundo faz!)
Tem aqueles que são
como um pato. De hora em hora tem que defecar. São aqueles que sempre
desaparecem de repente e demoram pra voltar. Sofrem nas viagens, em reuniões de
trabalho, no avião etc. Em contrapartida tem aqueles que tomam Activia Dan regularis cagaris todos os dias, comem mamão e ameixa, tomam
Tamarine e no final do dia fazem 3 bolinhas de cabrito, tão duras que deixam o
fiantã todo esfolado. Parecendo que defecou uma família de ouriço. Você está em
que time? Pato, ouriço ou faz normal?
E fazer cocô em lugar público então? Você trabalha num
escritório com mais dez pessoas e um banheiro só? Péssimo, né? Quando está
começando a se concentrar vem um tonto e tenta abrir a porta. O tóba dá aquela
alicatada na hora. Parece a tartaruga quando guarda a cabeça dentro do casco
sabe? Casa de praia com quatro famílias e um banheiro só? Também sei o que é
isso.
Odeio fazer cocô com um monte de gente conversando na frente
da sua porta. Não sai! Deveria ter uma plaquinha escrito: “Silêncio, por favor.
Pessoas estão tentando se concentrar.”. E já reparou que quando o troço grandão
vai cair, todas param de conversar? Você consegue fazer cocô normalmente quando
viaja? Ou trava na hora? Nada melhor que fazer número dois em casa, fala sério?
O furico tem Google Maps, ele sabe exatamente qual é o seu banheiro e se ele
está num raio de 500 metros ou não.
Agora, se você tem muito nojo de cocô, não tenha filhos. É algo
que ninguém está preparado, sabe? Outro nível mesmo. Oito cocôs por dia, com
cheiros e consistências que você nunca tinha visto antes. Passei por muitas
situações constrangedoras com os filhos.
Algumas delas: Cocôs que vazaram e foram parar na minha perna, cocôs que
explodiram, cocôs que foram feitos dentro da banheirinha, transformando a cor
da água em mostarda, cocôs que saem pela fralda e vão subindo pelas costas (o
grande desafio: tirar o body por cima ou por baixo? Se tirar por cima, o nenê
ganha uma hidratação grátis nos cabelos). Ah, e outra coisa que aprendi: Aquele
lixinho branquinho que tem nos quartos de bebê é só pra jogar fralda de
xixizinho. As com cocô, têm que mandar incinerar mesmo. Você torce para o
lixeiro passar rápido pra tirar aquilo de perto da sua casa. Nossos filhos
nunca saberão o que tivemos que fazer por eles, começando com os cocôs. E
depois, você ainda percebe que isso era até fácil. Desafios mais difíceis
virão, como lapidar o caráter daquela pessoinha. E como a gente ama aquela
pessoinha que caga tão fedido!
O cocô nos dá de presente muitas boas histórias pra recordar
por toda a vida. Eu teria que escrever uma trilogia de tantas histórias que
tenho pra contar. De um tio meu que arrombou a linda porta provençal de seu
apartamento, pois estava sem chave e o cocô estava já saindo, de um amigo meu
que sumiu na C&C e deixou a família inteira o procurando enquanto estava
fazendo um estrago no banheiro ( só pra você entender o nível: teve que tirar
as meias e jogar no lixo. Entendeu?), de outro amigo que teve que parar no meio
da estrada e defecar escondido atrás de uma borracharia, da aula de exame de
fezes que tive que levar um cocô na faculdade e tive que pegar emprestado de
uma amiga.
Talvez você esteja com um sorrisinho macabro aí, se
lembrando daquela sua tia velhinha que não aguentou chegar no posto e se borrou
toda, no meio da estrada. E que você estava sentado do lado dela. Ou daquele
seu amigo que tinha uma freada de bicicleta na cueca e todos do acampamento
viram, ou daquela vez que você foi pela primeira vez na casa da mina que estava
gostando e fez um antebraço no lavabo chique da casa e o cocô não queria ir embora
. Ou daquela vez que fez um estrago e
ficou aliviado mas viu que não tinha papel pra limpar e começou a gritar
pedindo ajuda. Quem nunca?
Ouvi uma mensagem uma vez sobre a importância do cocô no
adubo e o quanto que esse enriquecia o
solo. Sem cocô não existiria adubo! E a moral da história era: seja o cocô na
vida de alguém! Enriqueça a vida das pessoas!
No acampamento de carnaval desse ano da minha igreja fiz um stand up. Acreditem, consegui prender a
atenção de mais de 300 pessoas de todas as idades falando sobre o quê? Cocô!
Amaram! Estava um pouco apreensiva sobre qual reação a plateia teria já que
minha igreja é presbiteriana daquelas tradicionais, mas amaram! Coloquei fotos
de membros da igreja num telão, inclusive da equipe pastoral inteira. Minha
sorte é que o pastor é meu amigo e gosta dos meus textos. Inclusive foi ele
quem deu a ideia de eu fazer o stand up. Não sei se ele se arrependeu, mas o fato é que as pessoas da igreja me
encontram na rua e você ouve: olha a moça do cocô aí. (Que b_sta né? Acabei com
minha reputação.)
E você? Que história engraçada sobre o tema vem à sua mente
nesse momento? Qual parente ou amigo que tem aquele baita potencial pra
interditar qualquer banheiro? Conta aí!