quinta-feira, 27 de julho de 2017

Impostos que nos são impostos goela abaixo





O presidente Michel Temer afirmou recentemente que a população brasileira irá compreender o aumento dos impostos sobre os combustíveis.
Alguém tem o Whatsapp dele? Se tiver, avise-o que o Brasil é o país dos impostos? Será que ele tá sabendo? E diga, também, que no nosso país, quatro milhões de reais são arrecadados por minuto? Ao terminar de ler esse texto, doze milhões serão acrescentados aos cofres públicos.

Se você, caro leitor(a), toma uma cervejinha de vez em quando, só pra te informar, 56% do valor da latinha é imposto. Tem algum perfume importado? Setenta e sete por cento desse perfume foi de imposto. Dá pra acreditar?

 Casei-me com um advogado que se especializou em consultoria tributária. Ele é apaixonado pelo que faz e se deu muito bem na profissão já que ninguém entende perfeitamente este manicômio tributário em que vivemos.

 Sempre ouço alguém dizendo: “Só tem duas coisas que podemos ter certeza nessa vida: a morte e os impostos.” Ou mesmo:“Impostos de mais, retorno de menos”.

Então, já que nos é imposto esse monte de impostos e vários deles não servem pra nada, ou não conseguimos enxergar nenhum benefício, quero sugerir mais alguns, que podem ser realmente benéficos para nós, cidadãos brasileiros. Lá vai:

- Imposto sobre peidos soltados no elevador. Sempre tem um cidadão que judia nessas horas e não temos como fugir.
-Imposto sobre telefonemas indesejáveis de telemarketing;
-Imposto sobre casamentos, pra esse pessoal que brinca de casar e separar e casar de novo. Só o Fábio Júnior já garantiria uma boa arrecadação para o governo.
-Imposto sobre número de filhos. Começando pelo Mr. Catra. Imagina só?
-Imposto sobre propaganda enganosa. O governo arrecadaria horrores, começando pelas propagandas de shampoo, que garantem transformações milagrosas no seu cabelo, na primeira lavagem. Ou das escolas de inglês que prometem que o cidadão falará fluentemente depois de 3 meses de curso intensivo. Uma ova!
-Imposto sobre vizinho mala e sem noção (Quem não tem um levante a mão);
-Imposto sobre periguetes que querem chamar atenção a qualquer custo;
-Imposto pra aqueles cabeleireiros sacanas que cortam dez dedos do seu cabelo sendo que você pediu pra tirar só as pontas. Como confiar numa pessoa dessa?
-Imposto pra quem não usa desodorante;
-Imposto para aqueles que desconhecem as palavras com licença, por favor e obrigado. Vai ser o recorde de arrecadação já visto nesse país;
-Imposto sobre arroz de casamento ou de ceia de fim de ano com uva passas. Onde já se viu? Se quiser servir, tudo bem. Mas sirva também a opção de arroz branco, por favor. E maçã na maionese de legumes? Pra quê?;
-Imposto pra quem leva Bavaria no seu churrasco, mas acaba tomando a sua Stella Artois;
-Imposto sobre aquelas lojas que querem te empurrar goela abaixo todo tipo de artigo natalino como papais-noéis, guirlandas e luzinhas pisca-pisca em pleno mês de setembro. Mas já?
-Imposto sobre aquelas pessoas que comem o dia inteiro e não engordam. E pra piorar tem barriga tanquinho. Ninguém merece uma coisa dessas.
-Imposto sobre amigos, namorados ou cônjuges que, em vez de conversar com você no restaurante, ficam o tempo inteiro no celular, no WhatsApp ou Facebook;
-Imposto que incide sobre maridos que monopolizam o controle remoto da TV;
-Imposto sobre balanças malvadas, que, na maior cara de pau, te mostram que você engordou dois quilos em 1 semana que passou comendo alface;
-Imposto sobre aqueles simpáticos carros que passam berrando no autofalante as sete da manhã: “Pamonhas de Piracicaba!!!!!!!”
-Imposto sobre pessoas dramáticas e pessimistas que só abrem a boca pra contar todas as tragédias do mundo. Aquelas que sugam a sua energia, sabe? Nunca pergunte “Tudo bem?” pra elas.
-Imposto sobre velhinhos ou motoristas sem noção que dirigem a vinte Km/h no meio da rua, sem dar chance pra você ultrapassar. Ou pra aqueles que dirigem há dez anos e não sabem o que significa a palavra “seta”.
-Imposto para aquelas pessoas que sempre dizem: “ Você sabe com quem está falando? ”. Sim, isso existe, não é só em novela.
-Imposto sobre pessoas que comem com a boca aberta nas refeições, lambem os dedos e arrotam no final.
-Imposto sobre senhorinhas que saem de casa sem sutiã, mesmo que, devido à gravidade, os peitos estejam na altura do umbigo.
Espero que, com esses novos impostos, o Senhor presidente consiga tirar nosso país da lama.
E avise também que NÃO. Nós não compreendemos porcaria nenhuma.






sábado, 15 de julho de 2017

Na minha época


"Não existiam buffets infantis quando você era criança? Como assim? As festas eram onde, então?", perguntou meu filho, no banco de trás do carro.

Pois é Marcos, não existiam.  As festinhas de aniversário eram feitas nas casas dos aniversariantes mesmo. Geralmente, a gente desmontava a sala para ficar mais espaçosa. Os convidados ficavam por ali mesmo, na garagem, na sala ou no quintal. Os presentes ficavam sempre em cima da cama, e muitos queriam ir lá para ver o que a gente tinha ganhado. A vó que fazia o bolo, a mãe enrolava os brigadeiros, a gente enchia bexigas, separava as forminhas de brigadeiro, fazia sacolinhas surpresa e todo mundo ajudava. Então colocávamos um disco de vinil na vitrola ou fita cassete para ouvir e dançar. Depois te mostro no Google o que é disco de vinil e fita cassete.-respondi.

Ah, na minha infância também não tinha Google. A gente procurava o significado das coisas nas enciclopédias BARSA. O computador era uma novidade que poucos tinham. A gente fazia até curso de datilografia ainda quando o computador nos foi apresentado. Não fui com a cara daquele trambolho enorme. Só comecei a me simpatizar com ele quando descobri que dava para brincar de pintar no tal do Paint.

Quando a gente chegava na casa de alguém, a gente pedia um copo d’água e não o Wifi.

As televisões eram cubos enormes, bem pesadas e tinham antenas também. Não existia nenhum tipo de iluminação LED. As casas tinham bidês nos banheiros e poucas tinham closet. A gente tinha telefone fixo com fio, sem botões digitais. Não podia ficar falando muito tempo com alguém que já levávamos uma bronca pois iria custar caro. Quando eles começaram a aparecer sem fio, o chique era ter secretária eletrônica para ouvir os recados. A gente recebia telegrama. Usávamos o orelhão para ligarmos para alguém, se estivéssemos na rua. Não existia celular ou smartphones. As máquinas de foto eram bem diferentes e você não conseguia ver as fotos antes de revelar. Várias fotos saíam feias, mas não tinha o que fazer. Se você quisesse fazer cópias de alguma foto era necessário levar o negativo. Depois te mostro o que é isso, ainda tenho uns guardados.

 Quando eu era adolescente a gente ouvia músicas com aparelhos chamados walkman ou discman, dependendo se era fita ou CD.

Os DVDs também não existiam. Era filme VHS e a gente alugava em locadoras. Tínhamos que rebobinar o filme antes de devolver. Não, não existia Netflix, nem Net, nem Sky. Era antena parabólica.

Não existia leite de caixinha longa vida. Minha mãe comprava na padaria, vinha em saquinhos. Não existia Nutella, lenços umedecidos nem Vanish. Não existia rolinho tira- pelo. A gente não abria a porta dos quartos de hotel com cartão magnético. Era na chave mesmo. Não se ouvia falar de dietas low carb ou crossfit. A gente não dizia que “malhava” na academia, a gente ia na ginástica. Pilates só fui conhecer quando já era adolescente. Não ouvíamos falar de déficit de atenção ou hiperatividade. A gente achava que uns eram mais lerdos, viviam no mundo da lua e outros, ligados no duzentos e vinte.

Minhas brincadeiras favoritas eram esconde-esconde, gato mia, pega-pega, mãe da rua, Rio vermelho, queimada, jogos de tabuleiro e Stop. Também gostava de jogar baralho com a minha família (Buraco, Mau-mau). Depois surgiram os vídeo games com cartucho e eu passei a jogar bastante. Primeiro foi o Atari. Mas me encantei mesmo quando ganhamos o Super Nintendo. Me apaixonei pelo Mario Bros.

A gente ouvia muito falar do vírus da AIDS, nunca do vírus do computador. Não existia pen drive. A gente armazenava arquivos em disquetes. Depois te mostro como era. No Google deve ter.

Existia um relógio de pulso que vinha com uma calculadora junto. Era cheio de botõezinhos, de preço salgado. Nos caixas de mercado também não existia esse leitor de código de barra. As sacolinhas, em alguns supermercados eram de papel pardo. Os carros não tinham GPS, detector de ré ou air bag. Pra andarmos de ônibus circular tínhamos que comprar passes, que eram parecidos com moedas.




E o cinema? As cadeiras eram bem mais simples, sem filmes em 3D, nem som de última geração. Se o filme era muito comprido, tinha intervalo de uns dez minutos no meio.

Até as raças de cachorros mais comuns, na minha infância, foram extintas. Eram muito comuns: poodle, pequinês, doberman, husky siberiano. Hoje é difícil encontrar algum. 

Não existia escova progressiva, sobrancelha definitiva, botox e depilação a laser.




Não, não disse tudo isso para o meu filho. Parei na fita cassete. Imagina se eu tivesse que explicar tudo isso? Mas, mesmo assim, ele ficou me olhando como se eu fosse uma coitada, pensando em como deveriam ser frustrantes aquelas festinhas dentro de casa. Não Marcos, éramos muito felizes. A gente também curtia as festinhas e, como ninguém ficava com a cara enfiada num celular, a gente conversava uns com os outros. Me sinto pré-histórica quando vejo essa tonelada de mudanças que ocorreram em apenas três décadas. Na verdade, tudo isso aconteceu em duas décadas. Pois quando meu filho de dez anos nasceu, isso tudo já existia.
Fico imaginando qual vai ser a rede social que estará bombando daqui a trinta anos.






Ou serão extintas assim como foi o finado Orkut? Quais as gírias que vão falar, a evolução da moda, da tecnologia em geral, da música? Onde tudo isso vai parar? Sabe aqueles filmes do futuro que aparecem carros voando? Não duvido nada que já já eles estejam por aí. Fiquei sabendo que já existe um aparelho a laser para tratar a cárie, sem barulhinho e sem dor, porém ainda é muito caro. Mas sei que, quando nascerem meus netos, talvez todo dentista já terá um. Tomara! Aí nós vamos contar como era horrível fazer uma obturação na nossa época.

Lembro até hoje quando vi uma foto antiga do meu pai. Na foto ele deveria ter uns vinte anos e estava vestindo uma calça boca de sino lastimável. Todo mundo usava, ele não tinha culpa. Dei muita risada. Mas sei que meus filhos também vão rir muito de tudo isso.